sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lixo vai gerar energia para 200 mil pessoas



Gás Metano

· Definição

O metano (CH4) é um gás que não possui cor (incolor) nem cheiro (inodoro). Considerado um dos mais simples hidrocarbonetos, possui pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar, torna-se altamente explosivo.

O metano é produzido através dos seguintes processos naturais:

- Decomposição de lixo orgânico;

- Digestão de animais herbívoros;

- Metabolismo de certos tipos de bactérias;

- Vulcões de lama;

- Extração de combustíveis minerais (principalmente o petróleo);

- Aquecimento de biomassa anaeróbica.

Encontramos na atmosfera o gás metano na proporção aproximada de 1,7 ppm (partículas por milhão). Como ele pode ser produzido através de matéria orgânica, pode ser chamado de biogás. Desta forma, é utilizado como fonte de energia.

Um dos aspectos negativos do metano é que ele participa da formação do efeito estufa, colaborando, desta forma, para o aquecimento global.

Se inalado, o metano pode causar asfixia parada cardíaca, incosciência e até mesmo danos no sistema nervoso central.

A energia encontrada no lixo

A quantidade de lixo gerado no Brasil é proporcional ao seu tamanho continental. Todos os dias são produzidos cerca de 170.000 toneladas de resíduos sólidos urbanos, incluindo o doméstico. Mais de 70% não é reciclado e nem encaminhado para um destino sem poluir. Mas essa mercadoria jogada fora, que ninguém quer, pode trazer muitos benefícios. Inclusive energia elétrica para abastecer shoppings, indústrias e cidades.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apenas um pouco mais de 140.000 toneladas urbanas são coletados, os demais possuem destino incerto. Para piorar toda essa sujeira, apenas 39% dos municípios brasileiros dá tratamento adequado a esse resíduo como enviá-los para aterros controlados.

Uma solução seria gerar energia elétrica. As 170.000 toneladas de lixo correspondem, aproximadamente, a 220 milhões de barris de petróleo por ano ou 600.000 por dia. “Isso evitaria a contaminação do solo, das pessoas, a poluição do ar e, inclusive, geraria crédito de carbono”, afirma o especialista em administração de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), Mauricio Maruca, da empresa Araúna Energia e Gestão Ambiental.

Os lixões atraem ratos, urubus, insetos e outros animais que são transmissores de doenças. Além disso, prejudicam o meio ambiente de diversas maneiras. Primeiro, ocupando um espaço que será interditado por mais 30 anos após sua desativação. O chorume, líquido de cor negra característico de matéria orgânica em decomposição, gerado pelo lixo contamina o solo e o lençol freático.

Por fim, a ação de microorganismos gera biogases que colaboram com o efeito estufa. São emitidos 50% de gás metano, 40% de gás carbônico, 9% de nitrogênio e 1% de outros produzidos por resíduos orgânicos como restos de comida. Porém o metano, que é inflamável, polui 20 vezes mais que o carbônico. E é, justamente, esse vilão que pode ser aproveitado na geração de energia.Próximo à cidade de São Paulo, em Perus, está um dos maiores aterros e a maior utilização de biogás para a produção de energia elétrica no mundo. O Aterro Sanitário Bandeirante que ficou em funcionamento por quase 30 anos. Ele parou de receber lixo em março de 2007, armazenando 30 milhões de toneladas. Atualmente, a empresa Biogás Energia Ambiental usa o potencial para geração de energia.O volume pode abastecer uma cidade com até 400 mil habitantes por 10 anos.

Processo

O gás gerado pelo lixo é captado do subsolo do aterro por meio de uma rede de cerca de 50 km de extensão. É bombeado em seguida para uma central onde é distribuído entre 24 motores (que funcionam como os motores dos carros movidos a gás), os quais, por sua vez, fazem funcionar 24 geradores. O excesso de gás é queimado.

Dos geradores a energia vai para a subestação da Eletropaulo, que a coloca na rede distribuidora.

Até março, embora possa produzir energia a todo vapor, a usina funcionará com cerca de 1/4 de sua capacidade porque ainda estão sendo feitos ajustes para que a rede possa receber a carga extra, explica Ricardo Lima, vice-presidente comercial da Eletropaulo.

O projeto começou a ser tocado pela prefeitura em 2001. Desde meados de dezembro passado, os equipamentos vêm sendo testados para garantir que funcionarão conforme o esperado.

Alternativas para o metano

Existe outra maneira de gerar energia por meio da queima direta do lixo como combustível, mas esse é um processo poluidor, altamente dispendioso e, por isso, combatido por organismos ambientais e leis brasileiras.Uma outra alternativa para o metano, mas que não gera energia, é queimá-lo. O resíduo será o gás carbônico – ele também é eliminado quando o metano é usado na geração de energia.

Segundo a empresa Araúna, desse modo consegue-se reduzir em até 98% a emissão de metano. Essa operação é controlada por computadores que medem a quantidade queimada correspondente às toneladas de gás carbônico jogadas na atmosfera. Esses índices são convertidos em créditos de carbono, certificados para compensar o excesso ou o não cumprimento das metas de redução de emissão dos gases de efeito estufa, vendidos às empresas.

Mas nem todo lixo deve ser queimado ou usado para gerar energia. O ideal seria reciclar tudo inclusive o orgânico. Apenas a sobra deveria ser usada. A reciclagem poupa o dobro da energia produzida pela mesma quantidade de lixo. Conforme acaba a capacidade de um aterro, os resíduos são levados para mais longe.

Aterros sanitários x lixão

Aterro sanitário é para onde são encaminhados os resíduos sólidos, principalmente, de o lixo domiciliar. Segundo Heitor Simões Marques, engenheiro e diretor técnico da Araúna Energia e Gestão Ambiental, “a diferença primordial de um aterro está no processo baseado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas que permitem a confinação segura do lixo, em termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio ambiente”.
Os lixões, por sua vez, não atendem nenhuma norma de controle. Os resíduos são jogados de qualquer maneira e não recebem nenhum tipo de tratamento. “O problema mais sério causado pelos lixões é a contaminação do solo e do lençol freático pela ação do chorume, que é um líquido de cor negra característico de matéria orgânica em decomposição”, diz o engenheiro.


monique de Almeida

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